Inicial Introdução Capítulos Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9
Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Para não esquecer Créditos Final
Capítulo 9
Planejamento Estratégico de SIGs
Um projeto com rumo
Perdidos na floresta
Era uma vez dois rapazes que sofreram um acidente aéreo, caindo em uma
floresta. Eles tinham alguns suprimentos, uma bússola, e um mapa da região.
Eles sabiam mais ou menos onde estavam. Analisando a situação, eles decidiram
ir até Moita Seca, uma cidadezinha próxima. Eles optaram por caminhar em
direção ao rio, e depois seguí-lo até a cidade.
Caminhar diretamente para Moita Seca seria mais perto, porém eles consideraram
mais seguro seguir o rio. Aliás eles escolheram ir para Moita Seca e não para
Sapo Preto, uma outra cidade, exatamente pela possibilidade de seguir pelo rio.
9.1- Que É Planejamento Estratégico?
Esta estória ilustra alguns dos conceitos fundamentais do planejamento estratégico de SIGs. Os rapazes tomaram duas decisões:
O planejamento estratégico de SIGs
busca resposta a essas mesmas perguntas. Na implantação de SIGs
a pergunta "aonde queremos chegar?" significa "a que
tipo de SIG queremos chegar?"; "como chegar lá?" eqüivale a "qual a melhor estratégia de
implantação?".
Um plano estratégico descreve onde um sistema ou programa está, onde se deseja que ele esteja, e como ele vai chegar lá. Davis & Rhyason 1994 p. 553 |
A Figura 9.1 mostra como o planejamento estratégico de SIGs
é desenvolvido. Um primeiro bloco é a Visão Estratégica do SIG (o termo
"visão" é utilizado por Anderson 1992, Davis & Rhyason 1994, Huxhold & Levinsohn 1995, e outros). Na analogia já costumeira, a
visão é o destino ao qual se quer chegar. A Estratégia de Implantação,
um segundo bloco, é o caminho -- como chegar lá. A visão e a estratégia
de implantação são definidas a partir da análise do contexto do projeto, e de
soluções alternativas quanto a diversos aspectos do SIG.
Figura 9.1- Processo de planejamento estratégico de SIGs
Diferença entre planejamento estratégico e projeto técnico
O projeto técnico define detalhadamente como será o sistema: os dados necessários, sua organização, a especificação precisa das aplicações, da interface com o usuário, etc. O planejamento estratégico não define tais detalhes; define metas estratégicas para direcionar todo o processo de desenvolvimento. O projeto técnico vem depois.
9.2- Análise do Contexto do Projeto
Para uma definição consciente da visão e da estratégia de implantação, devem ser identificadas as principais restrições, os riscos, e as oportunidades que podem influenciar o projeto. Riscos não considerados podem inviabilizar o projeto; oportunidades podem ser desperdiçadas.
Os exemplos apresentados a seguir indicam o tipo de questões que devem ser respondidas durante a análise do contexto.
Riscos
Recursos
Oportunidades
Restrições
9.3- Visão Estratégica do Sistema
Visão estratégica é uma imagem do SIG que se quer implantar. Para o desenvolvimento da visão, o contexto do projeto é confrontado com soluções alternativas. A visão estratégica é formada pela combinação das alternativas mais adequadas às circunstâncias do projeto.
Que aspectos do projeto devem ser definidos? Os capítulos
Metas quanto a usos e benefícios
Por que implantar o SIG? O que a organização ganhará com isso? Essas questões fundamentais podem ser respondidas com base nas respostas a outras duas perguntas:
Prioridades
Diretrizes tecnológicas
Embora o objetivo do planejamento estratégico não seja definir detalhes técnicos, podem ser definidas algumas diretrizes em razão de restrições e normas já vigentes na organização, tais como:
Metas quanto ao escopo e integração do sistema na organização
Estratégia de administração e controle do sistema
Estratégia para custeio do SIG
Metas quanto a parcerias com outras instituições
Metas quanto a comercialização de dados e acesso ao sistema por terceiros
9.4- Estratégia de Implantação
A visão define metas a serem atingidas. Se as metas forem audaciosas, pode ser inviável atingi-las em um único salto, da situação atual para a situação desejada. A estratégia de implantação define um caminho viável em direção às metas estabelecidas, tendo em vista o contexto do projeto.
Uma estratégia de implantação pode ser descrita através de dois componentes principais: fases da implantação, e diretrizes para o tratamento de riscos.
Fases da implantação
Se a implantação de uma vez só é inviável, devem ser previstas configurações intermediárias do sistema, ou fases, com objetivos bem definidos. Exemplo:
|
metas estratégicas |
Fase I (1 ano) |
|
Fase II (2 anos) |
|
Fase III (2 anos) |
|
Tabela 9.1- Exemplo de metas estratégicas para um projeto, em três fases
Diretrizes para tratamento de riscos
Na análise do contexto foram identificados os principais riscos ao projeto. Considerando esses riscos, que precauções devem ser tomadas para garantir a viabilização do projeto? Exemplos de diretrizes para tratamento de riscos são:
Como saber se o planejamento estratégico está bom?
As diretrizes estratégicas e os principais riscos à viabilização do projeto podem ser utilizados como uma lista a ser verificada ponto a ponto. Esse checklist pode identificar pontos do projeto que precisam ser revistos. Exemplos de alguns pontos a serem verificados:
Resumindo...
Planejamento estratégico estabelece um rumo para o projeto antes da definição dos detalhes técnicos -- veja o diagrama ao lado. O projeto técnico já tem suas próprias complicações, que se tornam ainda maiores se as questões estratégicas não tiverem sido previamente definidas. Além disso, sem um rumo previamente estabelecido, o projeto pode caminhar alguns passos na direção errada, o que complica tudo.
O planejamento estratégico pode ser revisto a qualquer momento, e deve ser revisto periodicamente. É importante que todas as metas sejam documentadas. Em um momento posterior, o documento será a base para as discussões que porventura surgirem. Por exemplo, o documento poderá ser utilizado para verificar se uma nova idéia, ou um novo projeto, estão de acordo com os princípios já estabelecidos. Isso poupará muita discussão, especialmente se o projeto envolver vários participantes. Chegar a um consenso não é fácil; não há porque chegar a um mesmo consenso duas vezes.
Uma viajem sem rumo
Voltando à nossa ilustração inicial, os dois rapazes que caíram na floresta poderiam não ter planejado seu próprio resgate, como fizeram. Eles poderiam simplesmente começar a caminhar em busca de um povoado; sem um rumo definido. Qual seria a situação análoga na implantação de SIGs?
Leia Mais
Anderson, C. S. (1992); "GIS Development Process: A Proactive Approach to the Introduction of GIS Technology". Proceedings of the GIS/LIS Conference p. 1-10. San Jose, USA, 10-12 de novembro de 1992.
Davis, J.; Rhyason, D. B. (1994); "A Strategic Planning Process for a Mature, Multiparticipant AM/FM/GIS". Proceedings of the XVII AM/FM Annual Conference p. 551-561. Denver, USA, 14-17 de março de 1994.
Huxhold, W. E. & Levinsohn, A. G. (1995); "Managing Geographic Information Systems Projects". Oxford University Press, New York, 1995.
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Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Para não esquecer Créditos Final
Ferrari
Júnior, Roberto
Viagem ao SIG: planejamento estratégico, viabilização, implantação e
gerenciamento de sistemas de informação geográfica / Roberto Ferrari Júnior. --
Curitiba : Sagres, 1997.
178 p.
Inclui referências bibliográficas.
ISBN 85-86287-02-4
1. Sistemas de informação geográfica. 2. Planejamento estratégico. 3. SIG. 4. Gerenciamento.
5. Implantação. I. Davis Júnior, Clodoveu
A. II. Yuaça, Flávio. III. Figueiredo, Hamilton. IV. Sikorski, Sergiusz R. V. Título.
CDD-
910.0285